domingo, 14 de junho de 2009

Minhas revoluções culturais

Justificar completamenteOpa! seguindo uma proposta do meu amigo Daniel, listei abaixo alguns dos momentos "culturais", que representaram reviravoltas na minha tosca existência.

1985
– Nasço em São João dos Patos-MA, às 10 horas e 10 minutos da manhã do dia 10 de setembro.

1989 – Já na escola, me dou bem com o aprendizado da leitura. Neste mesmo ano, viro matéria no jornal local, por saber ler muitas palavras aos quatro anos. Na matéria, apareço em uma foto engraçada, com cara de moleque danado. Meu pai ainda guarda o jornal.

1989 – Em uma brincadeira, meu pai decidiu me dar cerveja. Eu tinha quatro anos de idade, e minha mãe lembra que meu pai encheu um copo de cerveja e me deu. Bebi tudo e não deu outra: fiquei tonto e dormi minutos depois. Deve ser por isso que não gosto de beber até hoje (isso é um momento cultural?).

1990 – Ainda na escola, descubro um talento para o desenho. Minha professora tentava rabiscar um violão no quadro, e desenhou algo muito tosco. Eu levantei de minha cadeira, fui até o quadro, peguei um pedaço de giz e disse: “esse seu violão mais parece uma pá!”. Depois disso, desenhei uma coisa mais parecida com um violão. A professora ficou surpresa com a minha atitude e deve ter ficado imaginando: “que menino maluco!”. Minha mãe adora essa história.

1990 – Vejo um avião bem de perto, pela primeira vez. Meu pai me levou no campinho de aviação da cidade, onde um Seneca a serviço da empresa em que ele trabalha havia pousado. O piloto, Getúlio, disse em tom de brincadeira: “vamos dar uma voltinha”? Eu estava tão impressionado com aquela máquina fabulosa que nem respondi, deixando meu pai sem jeito.

1996 – É hora de chegar à 5ª série. Lembro que eu tinha um medo profundo disso, não sei por quê. No final de 96, eu e minha família fazemos nossa primeira viagem a Brasília. Imediatamente fiquei maluco pela cidade.

1996 – Torno-me um fã dos Mamonas Assassinas. Eram geniais. Eu os imitava, adorava. O acidente que os matou me deixa paralisado. A todo momento, desenho as reconstituições do desastre, iguais às do jornais. Os colegas de trabalho do meu pai adoram me ver tentando explicar o acidente.

1997 – depois muitos anos fazendo caricaturas constrangedoras e engraçadas (incluindo uma do meu médico, que ele adorou) desenho uma história em quadrinhos chamada “Wolverine versus Predador”, a pedido de Pablo Silvestre, um dos meus maiores amigos, que morava em Floriano. A história era horrível, os desenhos sofríveis, mas foram feitas várias cópias, na base da Xerox mesmo. Eu desenhava com uma caneta chamada “metal point”, que deixava minha mão e meu braço manchados de tinta.

1999 – Minha tia me convida, no meio de uma viagem, a ir morar em Brasília. Eu aceito no ato.

2000 – Passo a morar com minha tia na capital federal. Começo estudando no CASEB, uma escola grande e estranha, onde o Oscar Schmidt havia estudado, perto do parque da cidade. Alguns meses e momentos malucos depois, sou transferido para o colégio Setor Leste, onde dias antes da minha transferência uma bomba caseira destrói o banheiro que ficava ao lado da minha sala. Minha mãe vê a notícia no jornal nacional e fica aliviada (“ainda bem que não é no colégio do Dowglinhas”).

No Setor Leste, faço amizade com muitos alunos, que me apelidam de “Rubinho” por causa do meu inseparável boné, que tinha um escudo da Ferrari. Também me tornei amigo de vários professores – menos da professora de matemática, que resolveu um belo dia me xingar na frente dos 50 alunos, sem o menor motivo. Todos ficaram indignados com ela. As aulas aconteciam no período da tarde, e o curso de inglês pela manhã, três vezes por semana. Eu gostava muito do curso e da professora Emília, que havia morado por cinco anos nos Estados Unidos. Certo dia, vou à escola e na entrada do curso de inglês leio um cartaz que informava que as aulas estavam suspensas por causa da morte de Emília. Ela morreu em um acidente enquanto andava a cavalo. Fiquei arrasado.

Tornei-me amigo do professor de Português, cujo nome esqueci. Ele costumava dizer que, enquanto todos os outros tinham “cara de Caras”, eu tinha “cara de Bundas”. Ele se referia à revista Bundas, que trazia textos engraçados de diversos autores e charges de desenhistas como Ziraldo. Nem preciso dizer que ele odiava a revista Caras, cheia de futilidades e besteiras sobre a vida dos famosos. Eu tinha “cara de Bundas”, pois segundo o professor, era criativo e engraçado. Nessa mesma época, o professor me convidou a participar de um concurso para ilustrar um livro de uma autora amiga dele. Por ser imaturo e medroso, recusei.

2000 – Já de volta ao Maranhão, durante o jantar em casa, vejo um clipe de uma música chamada Scar Tissue, no programa Plugado, da TV Brasil. Imediatamente percebi que aquela banda, chamada Red Hot Chili Peppers, era diferente.

2001 – Fico louco com os atentados de 11 de setembro. Passo a procurar e ler tudo a respeito daquele episódio. Minha mãe até briga comigo por causa disso. Neste mesmo ano, tenho o primeiro contato com o Flight Simulator, simulador de voo que se tornaria meu principal passatempo. Mas uma coisa não relaciona-se à outra: não pretendo jogar avião nenhum em prédios. Nem mesmo no castelo daquele deputado federal.

2002 – Estou cursando o terceiro ano do ensino médio no Colégio Valmar. É meu último ano na instituição em que passei a maior parte da vida escolar. Todos os meus amigos estão meio que “sintonizados”, todos riem e fazem piadas. Este foi, até hoje, um dos melhores anos da minha vida.

2003 – Minha primeira tentativa de morar em Teresina. Matriculei-me no colégio Pró-Júris, onde descobri a minha aversão ao ambiente dos cursinhos, no qual todos estão competindo entre si em um ritmo louco. Fico mal, adoeço com saudades de casa. Meus pais e meus tios decidem que é melhor que eu volte para a minha cidade.

2004 – Decido estudar sozinho, em casa, para o Vestibular. Eu sabia que seria muito melhor do que aguentar a insanidade dos cursinhos. Mais tarde, eu descobriria que estava certo.

2005 – Durante um almoço de família, meu melhor amigo, Danilo, me telefona e diz que eu passei no Vestibular para Comunicação na UESPI. Eu não acredito nele imediatamente, e continuo a almoçar. Mas ele insiste. Era verdade. Fujo das pessoas que querem comemorar fazendo farra. Meu tio arruma uma máquina pra raspar minha cabeça, mas eu fujo também. Deixo meu pai soltar um rojão, e foi só. Eu precisaria voltar a morar em Teresina, o que significava um desafio enorme para mim. Eu estava concentrado em não decepcionar a todos, por isso não comemorei.

2006 – Já na UESPI, construo a minha atual fama de comediante de sala de aula. Influenciado pelo meu amigo Daniel Lopes, crio meu primeiro blog, ainda no serviço zip.net. Um dia, uma professora me flagrou tentando fazer uma mágica durante a aula. “Ei, o que você está fazendo?”, perguntou ela. Eu respondi, sem a menor cerimônia, que estava tentando aprender um truque. Ela ficou furiosa. Leio alguns trechos de um livro hilário sobre um país imaginário chamado “Molvânia”. Daniel tenta me vender o livro, mas o preço é extorsivo, o que fez com que eu o mandasse ir se lascar.

2007 – Crio meu atual blog.

2008 – Passo a ler e-books, a maioria sobre aviação e acidentes aéreos.

2009 – Estou provando do caos que é um trabalho de conclusão de curso. Experimento o yin e o yang da vivência: minha vida oscila entre momentos absurdamente felizes e acontecimentos chatos.

1 comentário:

daniel disse...

linquei esse post no final lá no meu ;-)