quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Conceitos Relativos

  • Hoje eu e meus colegas de turma visitamos, a pedido da Professora Rosário Miranda, o hospital Areolino de Abreu, destinado ao tratamento de doenças mentais. O objetivo era conhecer o hospital Dia (que fica dentro do complexo Areolino de Abreu) e, posteriormente, escrever um texto relatando as experiências e impressões da visita.
Na verdade, foi realizada uma grande confraternização de fim de ano entre os pacientes, os funcionários e pessoas que colaboram para permitir que o hospital funcione de maneira mais humanizada, tratando cada paciente com o merecido cuidado. Foi bom ver todos alegres, em um momento de socialização, o que aliás é um dos objetivos do hospital: socializar os internos, como me contou uma enfermeira com quem conversei para obter maiores detalhes da rotina do hospital Dia.
Muitos pacientes que encontramos lá precisam de cuidados constantes, e isso deixou a mim e meus colegas um tanto assustados, mas uns instantes depois estávamos à vontade. Almoçamos (aliás, a comida estava deliciosa) e algum tempo depois fomos embora. Na saída, todos concordavam que estavam sentindo a sensação de estar voltando ao mundo "normal", onde todos tem a "cabeça no lugar". Mas acho que na realidade não é bem assim.
Aqui fora também temos atos de extrema insanidade, mas que são socialmente aceitos. Pra mim, também são loucos os que pagam R$ 500 por uma calça jeans, enquanto muitos morrem por não ter o que comer. Em uma determinado ponto de vista, fumar um cigarro também é loucura, pois a pessoa sabe que está fazendo mal pra sim mesmo. E quem faz mal a si mesmo, todo dia, é louco.
Tenho certeza de que muitos internos do hospital Dia tornaram-se doentes por falta de alguém para escutá-los. Talvez por não terem tido amor dos pais, ou sofreram uma grande decepção. Será que as pessoas que causaram isso também são doentes? eu acho que sim. No final das contas, quem define o critério para dizer que uma pessoa é mentalmente desequilibrada?
Normalidade e Loucura são conceitos muito relativos. Não é culpa dos internos do Areolino de Abreu estarem onde estão. A culpa é do mundo, das pessoas que não ouvem mais as outras.
A culpa é dos normais.

3 comentários:

Gerusa disse...
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Anónimo disse...

aê Dowglas, se eu ainda estivesse na turma de vocês, eu seria o primeiro a chegar o Areolino. pq tu sabe como eu gosto dessas atividades extra-classe, né?

não, falando sério - tu mandou ver nesse post aqui. como diria guimarães rosa (em geral, um antipático), "ninguém é doido; ou então, todos".

Gerusa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.