domingo, 20 de abril de 2008

Surpresa

O jovem moço estava aguardando o ônibus no terminal movimentado naquele dia movimentado, típico daquela movimentada cidade. Precavido, ele pretendia chegar antes da hora do início do expediente, pois queria verificar sua caixa de e-mails sossegado. Já estava ali há dez minutos, esperando o ônibus nº 109, o qual toma todos os dias, e com cuja lotação já se acostumou. O pé esquerdo já batia no piso do terminal repetidas vezes , e o rapaz, impaciente, olhava os ponteiros do relógio de pulso em intervalos de tempo cada vez mais curtos. Foi aí que ela chegou.

Uma morena de cabelos lisos, pele clara como o mármore das colunas do Capitólio (ou como as geleiras da Groenlândia, sei lá), olhos negros, e a face permeada de pequenas sardas, embelezando a pele brilhosa do rosto, sob a luz do sol da manhã. Ela conservava uma expressão séria, vez por outra interrompida por uma leve tosse, provocada pelo ar frio do início do dia. A beleza daquela moça chamou tanto a atenção do rapaz que ele, de súbito, viu-se impelido a aproximar-se e perguntar o seu nome.

Então, o ônibus dela, o nº 239 chegou. A moça subiu e o rapaz, na iminência de perder de vista para sempre aquela belezura, esqueceu o horário, o emprego, o ônibus nº 109 e o resto da vida: subiu também no nº 239. Algum tempo depois, ela desceu do ônibus, e ele desceu na mesma parada, num calçadão com ladrilhos vermelhos e brancos, dispostos de forma irregular. Fianlmente ele a alcançou em seu passo rápido, e, com a mão sobre o ombro daquela obra dos Deuses, finalmente perguntou:

- Qual o seu nome?

Ela virou-se e, num movimento rápido, tirou a mãozinha delicada do interior do casaco escuro que vestia. Para a desagradável surpresa do jovem moço, a mocinha trazia na mão direita um soco inglês, com o qual ela o atingiu o lado esquerdo do rosto num golpe certeiro. Logo, nosso jovem garoto sentou uma forte dor que estendia-se da mandíbula até embaixo do olho esquerdo, passando pela boca. Logo viu-se no chão, tonto, e percebeu que a boca estava cheia de sangue: o soco arrancara-lhe um canino, um pré-molar e um dos incisivos superiores. O lábio superior estava destroçado e ele contorcia-se em espasmos torturantes de dor.

- Seu tarado!

E pensar que ele só queria saber o nome dela.


3 comentários:

Gerusa disse...

Sabe o que Freud diria disso?
que tu está descrevendo a dentista que arrancou teus dentes pra colocar o aparelho.Por falar nisso quando é que tu vai botar uma foto mostrando esses teus dentes metalicos hein? seria um bom mecanismo para risadas frouxas!
rsrsrsrsrsrs

Anónimo disse...

A Kleidianne elogiou tanto que vim conferir! parabéns moço, gostei do texto. abraços!

Visite www.luzionline.blogspot.com

Pan

Anónimo disse...

Já tô fazendo propaganda e ainda nem consegui adicionar esses benditos comentários no meu blog


aff